terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

A GUERRA NA UCRÂNIA

"Essa Rússia é mesmo malvada! Então não é que tem andado a espalhar todo o seu território à volta das bases da NATO!"
Tento perceber 
as causas da guerra na Ucrânia apesar de quase tudo o que a comunicação social portuguesa, em obediência ao Sr Biden, nos prodigaliza.  

Ao império norte-americano falta apenas ter a Bielorrússia e  a Ucrânia na NATO para ter a Rússia completamente cercada a Oeste.
Os EUA conseguiram alargar a NATO, criada em 1949, a 14 países da Europa em torno da Rússia, de 1997 para cá. 
A Ucrânia podia ter evitado a guerra! Bastava que tivesse aceitado o compromisso proposto pela Rússia de não aderir à NATO.

Mas... a Ucrânia não é um país independente? Não gozava do direito de aderir à NATO? Gozava, mas arriscava-se a uma guerra, como foi avisada, porque a concretização desse direito representava, como bem se percebe, uma ameaça potencial à Rússia. A Ucrânia com o apoio do império do "Mundo Livre" - EUA e seus vassalos da União Europeia - escolheu aderir à NATO e enfrentar a Rússia. É uma escolha absolutamente legítima.

Mas recordemos uma situação equivalente muito perigosa mas que foi bem resolvida. Em 1961 os EUA promoveram a invasão de Cuba através do desembarque de força mercenária na Baia dos Porcos que fracassou. Para se defender das ameaças dos EUA, Cuba acordou com a União Soviética em 1962, a instalação em Cuba de um sistema de mísseis com capacidade de  atingir os EUA. Kennedy reagiu e Kruschev negociou e aceitou a não instalação dessas armas evitando uma crise que poderia ter degenerado em guerra nuclear. 

Ora Cuba tinha todo o direito de instalar no seu território as armas que entendesse para se defender mas se não tem prevalecido o bom senso poderia ter tido a invasão dos EUA. 

Com a guerra na Ucrânia os EUA estão exultantes. Poderão vir a usufruir de grandes vantagens comerciais e económicas à custa da Rússia e da União Europeia. Conseguiram o que tanto desejavam - com ajuda do ex-comediante presidente da Ucrânia, o Sr. Volodymyr Zelensky, originário do sudeste do país onde a língua da maioria da população é o Russo e com a ajuda entusiástica dos bem organizados neonazis ucranianos. 

A comunicação social do "mundo livre" completamente dominada por quem desejava esta guerra... na Europa !! tudo fez e tudo faz para nos desinformar e ganhar o "bom povo" para os interesses dos seus Senhores.

A situação é muito perigosa para os ucranianos mas também para todos os europeus. O Tio Sam rejubila.

quarta-feira, 5 de junho de 2019

O livro ARA e a crítica no Jornal de Letras

Em 2000 a Editorial D. Quixote publicou o meu livro ARA - Acção Revolucionária Armada onde se diz quase tudo sobre esta organização armada não terrorista. O que se fez, quem fez, como e quando se fez, com que medos, sustos, atrevimentos, ousadias, coragens.
O livro teve uma grande tiragem e a crítica criticou. Por exemplo o Jornal de letras pela palavra de Rodrigues da Silva, jornalista que eu não conhecia nem me conhecia diz coisas que até... até me deixou incrédulo.
JL JORNAL DE LETRAS, ARTES E IDEIAS 

       Ano XX / N.º 789 de 27 de Dezembro de 2000 a 9 de Janeiro de 2001

       Secção IDEIAS, página 40.  Texto de Rodrigues da Silva, editor do JL

 HISTÓRIA       Segredos da A. R. A.

Defeito ou virtude? Hesito. É que “ARA – Acção Revolucionária Armada. A história secreta do braço armado do PCP” (Dom Quixote, 406 páginas, 3500$00), o livro de Raimundo Narciso (RN), eu li-o como... um romance. Não era esta a intenção. A intenção era outra, e, mal o comprei fui-me a ele, armado daquilo de que Marguerite Yourcenar sempre se muniu no acto de ler: um lápis. Para sublinhar. O que amiúde mais me acontece num ensaio ou na poesia do que num romance. Para, não raro, concluir que quão mais sublinhado fica um livro, tão melhor ele é (ou eu o achei). No caso do de RN, porém, sucedeu algo de inédito. No final está sublinhado como se fora o que, em rigor, não é: uma obra de ficção. Defeito, pois, ou virtude?
Virtude – assumo. E virtude porque o pouco sublinhado da minha leitura deve-se ao estilo que RN imprimiu à sua obra. Mais do que um relatório, a vida. Isso mesmo: a vida. E, ao escrever isto, descubro (só agora) que a narrativa do livro fluiu a um ritmo algo cinematográfico. Porque, se por um lado há uma descrição pormenorizada e exaustiva de todas as acções da ARA, com a relação dos seus comos, quês e porquês, por outro não deixa de haver – sempre – o traço humano, o ser e estar pessoal e anímico dos protagonistas, o alvoroço de sentimentos. Mais: recorrendo ao “flash back”, RN subverte até, de quando em vez, a ordem cronológica da narrativa para, após dizer da acção, dizer de como era este ou aquele que a executaram.
O resultado é fascinante. Porque, para além da História, temos as histórias. E é, decerto, porque temos as histórias que a História adquire aqui tudo menos um tom épico. Podemos (e talvez devamos) classificar muitos destes protagonistas como heróis da resistência ao fascismo. Mas um herói é sempre um ser distante. O bronze que o embalsama afasta-o de nós, seres comuns. RN tem o extraordinário mérito de, narrando acções heróicas, aproximar de nós os seus executantes. Que nos surgem de carne e osso, não robots, clonados por uma ideologia. São homens e mulheres de corpo e espírito, múltiplas vezes plenos de dúvidas. Mas que, mesmo assim, face a uma situação concreta, optam. Apesar do medo, do medo de falharem, de serem presos, de serem torturados, de passarem anos sem ver os pais, as mulheres (ou os maridos) e os filhos, os seres amados; e há imenso amor nas entrelinhas deste livro.
Livro que RN imbui de um humanismo que só valoriza o retrato pelo menos dos principais membros da organização, como ele próprio, um dos seus dirigentes de topo. E o único que nela esteve da sua origem até ao fim. E sempre presente e activo, logrando passar dez anos na clandestinidade com a mulher (e às tantas com os filhos também), sem nunca ser apanhado pela PIDE. Pormenor que ele nem realça, preferindo revelar a sorte (mas a sorte merece-se) a que deveu o feito. E revelando também quanto as acções da ARA deveram à estratégia de um partido.
Braço armado do PCP (de que RN era militante, sê-lo-ia até 90, integrando o comité central de 72 a 82), a ARA tinha, no entanto, uma grande autonomia. Digamos que onde o PCP era sobretudo ideologia, a ARA era sobretudo acção – armada. Os actos de sabotagem que praticou não tinham, contudo, a ilusão de derrubar o regime, tão só (e já não era pouco) de o desgastar. Menos pela sabotagem em si do que pela agit-prop consequente. Mas a ideologia estava subjacente. Uma ideologia que RN agora (filiado no PS, depois de, entre 95 e 99, ter sido seu deputado independente) está longe de subscrever. O que não esconde, antes acentua. Sem jamais oferecer a imagem de um arrependido. Bem pelo contrário. Não o explicitando, RN orgulha-se – hoje – do que fez então. E é sem dúvida este assumir histórico que contribui para que o seu livro “respire” autenticidade por todos os poros. E respire também, aqui e ali, aquilo que é sempre mais difícil de conseguir em História: o espírito do tempo. Sobretudo quando passa célere e a memória se esfuma.
RN não o ignora. De tal modo que, a págs. 307 (afinal sempre sublinhei alguma coisa), escreveu assim: “Quem não viveu esses tempos de medo, de pobreza, de exploração, arbítrio e mesquinhez não consegue avaliar! E sem saber isto pode até pensar que as pessoas que iam para a clandestinidade eram heróis, loucos ou mártires quando na realidade eram pessoas como as outras. Talvez mais informadas, mais indignadas ou mais trituradas pela engrenagem”.
Pessoas que, no final, reencontramos numa espécie de dicionário biográfico. Ilustrado com as fotos de cada uma. E são como nós. Elas a quem – pelo que foram, pelo que fizeram, pelo que arriscaram, independentemente do seu percurso posterior – devemos hoje alguma da liberdade que fruímos.

Rodrigues da Silva

quinta-feira, 12 de julho de 2018

As Acções Armadas e seus Executantes

Comando Central
(Constituído em Julho de 1970)
Jaime Serra,  Francisco Miguel,  Raimundo Narciso.

Responsáveis directos por infraestruturas

Paiol Central: Francisco Presúncia o (Galiza), a sua mulher Manuela e Francisco Miguel.
Laboratório, garagens, arrecadações: Raimundo Narciso e Maria Machado.




Operações
1-     Cunene (Navio Cargueiro da logística da guerra colonial) – 26-10-1970
Direcção da execução: Raimundo Narciso
Executantes: Gabriel Pedro, Carlos Coutinho.
Apoio à acção: ‑António João Eusébio, António Pedro Ferreira, Manuel Policarpo Guerreiro, Victor d’Almeida d’Eça
Reconhecimento: Jaime Serra, Raimundo Narciso
2-     Escola Técnica da PIDE – 20-11-1971
Direcção de execução: Francisco Miguel
Execução: Carlos Coutinho
Apoio à acção: António João Eusébio
3-     Centro Cultural dos EUA – 20-11-1971
Direcção de execução: Raimundo Narciso
Execução: «Romeu»
4-   Material de guerra no Cais da Fundição (para a guerra colonial)  – 20-11-1971
Direcção de execução: Raimundo Narciso
Execução: António Pedro Ferreira, Manuel Santos Guerreiro.
5-     Base Aérea de Tancos (Instrução de pilotos para a guerra colonial) – 8-03-1971
Direcção de execução: Raimundo Narciso
Execução: Carlos Coutinho, Ângelo de Sousa, António João Eusébio
Apoio à acção: Ramiro Morgado
6-     Central de telecomunicações (1ª reunião altos comandos NATO em Portugal)  – 3-06-1971
Direcção de execução: Raimundo Narciso
Execução: Carlos Coutinho, António João Eusébio
Apoio à acção: Alberto Serra
Corte de torres da rede eléctrica primária (1ª reunião de altos comandos da NATO em Portugal)– 3-06-1971
7-     Em Sacavém
Direcção de execução: Raimundo Narciso
Execução: ‑Carlos Coutinho, António João Eusébio, Ramiro Morgado, Raimundo Narciso
8-     Em Belas
Direcção de execução: Francisco Miguel
Execução: ‑Francisco Miguel, Manuel Policarpo Guerreiro, Manuel dos Santos Guerreiro
9-     Assalto ao Paiol – 3-10-1971
Direcção de execução: Raimundo Narciso
Execução: ‑Manuel Guerreiro, Manuel Policarpo Guerreiro, Amado Ventura da Silva, Jorge Trigo de Sousa, Raimundo Narciso.
Apoio à acção: Francisco Miguel
10- Quartel da NATO em Oeiras (a inaugurar 2 dias depois pelo PR)– 30-10-1971
Direcção de execução: Raimundo Narciso
Execução: Manuel Santos Guerreiro, Manuel Policarpo Guerreiro.
Apoio à acção: Jorge Trigo de Sousa, Victor Almeida d’Eça
11- Material de guerra a embarcar no Muxima para a guerra colonial – 25-01-1972
Direcção de execução: Raimundo Narciso
Execução: Manuel Guerreiro, António Pedro Ferreira
Apoio à acção: António Pedro Ferreira
Sabotagem da rede eléctrica primária no dia da "Eleição" do PR – 10-08-1972
12- Porto
Direcção de execução: Jaime Serra
Execução: António João Eusébio, Manuel Policarpo Guerreiro, Jaime Serra
13- Coimbra
Direcção de execução: Raimundo Narciso/Ângelo de Sousa
Execução: Ângelo de Sousa, Manuel Santos Guerreiro, Constantino.
14- Lisboa – Alverca
Direcção de execução: Raimundo Narciso
Execução: Carlos Coutinho, Ramiro Morgado, Raimundo Narciso
Apoio: António Pedro Ferreira e Victor Almeida d’Eça
15 -  Lisboa – Belas
Direcção de execução: Francisco Miguel
Execução: Francisco Miguel, Amado Ventura da Silva, Mário Abrantes da Silva.
________________ 
Jaime Serra esteve ausente do Comando Central entre Setembro de 1971 e Maio de 1972, período em que, com Carlos Coutinho, Ângelo de Sousa e António João Eusébio, frequentou um curso militar, na União Soviética.

  ‑Todas as acções armadas tais como outras decisões importantes eram discutidas, planeadas e decididas, colectivamente, pelo Comando Central que reunia na casa (clandestina) de Raimundo e Maria Machado.

   ‑ A relação inclui apenas os elementos que participaram directamente nas acções, na sua execução ou no apoio à sua execução. Não faz menção aos que deram apoio noutros momentos como seja os reconhecimentos, a concepção, ou apoios de carácter técnico.
   ‑Por isso não inclui o Almendra e a sua mulher (clandestinos) nem José Augusto Brandão que participaram no reconhecimento de vários objectivos.

   ‑ Nesta descrição não aparecem dois membros da ARA que desenvolveram uma actividade permanente e muito importante, Maria Machado, minha mulher e Laura Serra, mulher de Jaime Serra. Participaram directamente em aspectos relevantes das acções armadas, na sua preparação, nos reconhecimentos, em trabalhos técnicos. Ainda que noutro plano, tiveram importante papel a Manuela, mulher de Francisco Presúncia, a «companheira» de Francisco Miguel e Fernanda Castro mulher de Ângelo de Sousa (na clandestinidade).

   ‑ Intervenção ou apoio aos respectivos companheiros ou maridos, em graus diferentes, tiveram também todas ou quase todas as mulheres dos principais operacionais e activistas, como por exemplo a Maria José Ferreira, a Antonieta Coutinho, a Margarida Correia.

domingo, 2 de julho de 2017

OS OPERACIONAIS da ARA

Inicio do levantamento da A.R.A.: 1964

Rogério de Carvalho + Raimundo Narciso
Rogério de Carvalho (1920-1999. Foto de 1988) é membro do Comité Central do PCP de 1963 a 1988. Em 1964, na clandestinidade, assume a responsabilidade de dirigir o levantamento da organização das «acções especiais» que veio a ser a ARA. Depois de frequentar em 1965 (Janeiro-Maio) em Havana um curso militar para o efeito regressa a Portugal em Junho de 1965 mas é novamente preso, logo em Outubro desse ano até 25-04-1974, Sofreu ao todo 15 anos de prisão.

Raimundo Narciso
Nasceu emTorres Vedras, em 1938. (Foto de 1964 ). Casado com Maria Machado. Estudante de engenharia no Instituto Superior Técnico em 1964. Serviço Militar Obrigatório, entre 1959 e 1963. Decidiu passar à clandestinidade em 1964 (até 1974) para a criação da ARA. Em Cuba, com Rogério de Carvalho, em 1965. Membro do Comité Central do PCP de 1972 a 1988. Processo de afastamento do PCP entre 1987 e 1990. Fundador do Instituto Nacional de Estudos Sociais - INES (Movimento político em 1989 e 1990) e da Plataforma de Esquerda (Associação política, 1990-1995). Gestor de empresas (1992/95 e 2000/2003). Deputado pela Plataforma de Esquerda na lista do PS, de 1995 a 1999.  Adjunto do Sec. Est Administração Interna 2009-2010. Presidente da direção do Movimento Cívico "Não Apaguem a Memória" - NAM, de 2008 a 2012 e de 2014 a 2017. Publicou 4 livros.

COMANDO CENTRAL DA ARA 1970 - 1974
Jaime Serra, Francisco Miguel e Raimundo Narciso 

Jaime Serra natural de Lisboa (1921- ... foto de 1974). Casado com Laura Serra. Começou a trabalhar aos 12 anos e foi preso pela primeira vez aos 15. Preso 3 vezes 3 vezes fugiu. Era operário no Arsenal do Alfeite aos 19 anos.
Membro da Comissão Executiva do PCP, de 1963 a 1970. É um dos mais destacados dirigentes do PCP.
Membro do Comando Central da ARA de 1970 a 74. Deputado de 1975 a 1983. Membro da Comissão Política do CC do PCP na clandestinidade e no regime democrático até 1988.
Publicou 3 livros

Francisco Miguel Duarte
Nasceu em 1908 em Baleizão distrito de Beja e faleceu em Lisboa em 1988. Solteiro. 21 anos e 6 meses de prisão, 9 dos quais no Campo de Concentração do Tarrafal (Cabo Verde). Quatro fugas da prisão, a última de Caxias, no carro blindado que fora oferecido pelo regime de Hitler a Salazar e então ao serviço da prisão de Caxias, em 4 Dezembro de 1961. Membro do CC do PCP desde o seu 2.º congresso ilegal em 1946 até 1988. Na direcção da ARA, com Raimundo Narciso, desde Outubro de 1968. Membro do Comando Central da ARA de 1970 a 74. Deputado do PCP de 1975 a 1986. (Foto de 1977)

Carlos Alberto da Silva Coutinho
Nasceu em 1943, em Fornelos, Vila Real. . Casado com Antonieta Coutinho. Arquivista em O Século em 1970. Na guerra colonial de 1966 a 69, em Moçambique. Ligação à ARA desde Julho 70. Preso de Fevereiro de 73 a 25 Abril de 74. Participou nas acções do Cunene, Escola da PIDE, Tancos, Corte das Telecomunicações – reunião da NATO, Corte da rede eléctrica em 1971 e 72. Jornalista. Obra publicada: duas novelas, dois volumes de prosa jornalística, uma dezena de peças de teatro.
Ângelo Manuel Rodrigues de Sousa
Nasceu em 1948 em Espinho e faleceu em 1990 em Lisboa. Casado com Fernanda Castro. Empregado bancário. Piloto de helicópteros. Procurado pela PIDE com fotografia na televisão, jornais e postos de todas as polícias. Clandestinidade de Março de 1971 a 25-04-74. Ligação à ARA desde Agosto 70.
Participou na Acção de Tancos 8-3-71) e do corte da rede eléctrica nacional na eleição do Presidente da República, Américo Tomás (12-8-72).
António João Eusébio
Nasceu em 1942 em Corte Gafe de Baixo, Mértola. Operário estucador da construção civil. Esteve na guerra colonial, em Angola, de 1964 a 66. Ligado à ARA desde Junho 70.
Participou nas acções do Cunene, Escola Técnica da PIDE, BA3-Tancos, Corte das Telecomunicações, Corte da Rede Eléctrica em 1971 e em 1972. Na clandestinidade de 1972 a 25-4- 1974.Funcionário do PCP até 2007.

António Pedro Ferreira
Nasceu em 1936 em Lisboa. Casado com Maria José Ferreira. Serviço militar entre 1958 e 1969. Esteve na guerra colonial, em Angola, de 1961 a 63. Ligação à ARA desde 1965. 
Participou no apoio às acções do Cunene, Cais da Fundição, Muxima, corte da rede eléctrica em 1971 e em 1972. Foi tenente do Exército. Economista. Foi Presidente da Câmara dos Despachantes. Foi fundador da Plataforma de Esquerda.

Manuel Policarpo Guerreiro
Nasceu em 1943 em Odemira. Pintor da construção civil nos anos 70. Esteve na guerra colonial em Moçambique, como furriel, de 1966 a 69. Ligação à ARA desde Julho de 1970. Participou nas acções do Cunene, assalto ao Paiol, Comiberlant 1971, corte da rede eléctrica em 1971 e em 1972. Preso de Fevereiro 1973 a 25-4-74. Empresário da construção civil em Faro e dirigente da Confederação das PME da Construção Civil.

Manuel dos Santos Guerreiro Nasceu em 1943 em Grândola. Motorista nos anos setenta. Casado com Luísa Guerreiro. Serviço Militar Obrigatório de Janeiro de 64 a Outubro de 69. Ligação à ARA desde 1971. Participou no corte da rede eléctrica em 1971 e 1972, Assalto ao Paiol, Comiberlant. Preso em Março de 1973 a 25-04-74. Empresário. Vive em Grândola.

Ramiro Rodrigues Morgado

Nasceu em 1940 em Manique do Intendente, Azambuja. Lapidador de diamantes na DIALAP (Lisboa). Serviço Militar Obrigatório em Moçambique, de 1962 a 64 onde a guerra se iniciou alguns meses antes de regressar. Ligação à ARA em Julho de 1970. Participou no Corte da Rede Eléctrica, em 1971 e em 1972 e no apoio às acções do Cunene, de Tancos, e do Muxima. Preso de Março de 1973 a 25-04-74.


Amado de Jesus Ventura da Silva
Nasceu em 1945 em Lisboa. Estudante em Coimbra, da “República dos 1000-y-Onários”. Oficial miliciano «Ranger», de 1967 a 70. Ligado à ARA desde 1971. Participou no Assalto ao Paiol, Corte da Rede Eléctrica em 1971 e em 1972. Preso de Fevereiro de 1973 a 25-4-74. Engenheiro agrónomo na Zona Agrária de Caldas da Rainha foi um dos maiores especialistas da Pera Rocha. Foi-lhe atribuída, postumamente, em 2013, a medalha de mérito municipal pela CM de Óbidos pela sua extraordinária competência profissional a par de excepcionais qualidades morais e cívicas que evidenciou na vida do município de Óbidos, tornando-se digno da consideração e reconhecimento públicos. Faleceu em 22-11-2007. 

Victor d’Almeida d’Eça


Nasceu em 1937. Faleceu em 1998. Companheiro de Margarida Correia. Funcionário do Ministério da Agricultura. Actividade na área da Defesa do Consumidor, nomeadamente em programas radiofónicos. Homem de grande cultura, fino humor e grande dedicação revolucionária. Ligação à ARA desde 1967. Participou na preparação e apoio das acções do Cunene, corte da corrente eléctrica em 1971 e 72, Central de Telecomunicações, Assalto ao Paiol e Comiberlant. 

Jorge Trigo de Sousa  
Nasceu em 1941 em Lisboa. Engenheiro civil do IST. Ligação à ARA desde 1967 como independente. Participou no assalto ao Paiol, no apoio às acções do Comiberlant e do Muxima. Esteve na guerra colonial, em Moçambique de 1972 a 74. Praticante de Judo, professor e Presidente da Federação Nacional de «Aikidô». Membro da Associação Damião de Góis, promotor e quadro do PRD na sua fase inicial. Empresário da área da restauração.
Mário Wren Abrantes da Silva
Nasceu em 1950. em Lisboa. Estudante de Agronomia e depois engenheiro silvicultor. Ligação à ARA em 1972 então sem filiação partidária. Participou no corte da Rede Eléctrica em 1972. Preso de Março de 1973 a 25-04-74. Membro do PCP a partir de 197 e depois funcionário do PCP e membro do seu Comité Central desde 1988.
José Augusto de Jesus Brandão
Nasceu em 1948. em Lisboa. Operário metalúrgico. Esteve na guerra em Moçambique de 1969 a 1971. Ligado à ARA desde 1972 como independente. Participou no reconhecimento de vários objectivos. Preso em 27-03-73. Depois de 25 de Abril de 1974 empregado da Carris e dirigente sindical. Membro da Comissão Nacional (1980-88) e da Comissão Política (1985-87) do PS. Obra publicada: cinco ensaios sobre temas de História.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Todos os comunicados da ARA

Por cada acção da ARA ou conjunto de acções simultâneas, o Comando Central emitia um comunicado que Jaime Serra, a partir de uma cabine telefónica pública, prudentemente escolhida, lia para agências internacionais, France Press, Reuter e outras sem perder tempo com a RTP, único canal de tv então existente ou qualquer outro meio de comunicação sob o controlo da PIDE. 
Foram 8 comunicados, incluindo o que anunciou a suspensão provisória da actividade da ARA, em 12 de Maio de 1973, SUSPENSÃO  e que acabou por se tornar definitiva.
As imagens não fazem parte dos comunicados 


  -------------------------1º Comunicado-------------------------


 ACÇÃO   REVOLUCIONÁRIA   ARMADA  (ARA)

-- Comunicado –

Hoje , dia 26 De Outubro, cerca das cinco horas da manhã, um comando da ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA (ARA), levou a cabo com êxito a primeira operação revolucionária armada contra o aparelho de guerra do governo fascista.


Em virtude desta acção ficou alagado e imobilizado na doca de Alcântara, em Lisboa, com grande rombo o navio CUNENE de 160.000 toneladas que é utilizado para alimentar a guerra de opressão colonial. O Comando Central da ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA declara que ao atacar a máquina de guerra que alimenta a guerra colonial não estamos contra os soldados, os sargentos e oficiais honrados, forçados a fazer uma guerra que odeiam. Estamos, sim contra a continuação desta criminosa guerra de opresso colonial que se transformou num flagelo para os povos de Angola, Guiné e Moçambique e num cancro que corrói a nação, que queima vidas e bens do povo português para servir os interesses dum punhado de monopolistas sem pátria. Estamos solidários com a justa luta libertadora dos povos coloniais.

A ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA propõe-se conduzir a sua acção revolucionária no quadro da luta geral do povo português contra a ditadura fascista e pela conquista da liberdade. Deste modo a ARA não se desliga da luta revolucionária das massas, da luta dos operários e camponeses, da luta dos estudantes e intelectuais revolucionários contra a política fascista do governo de Marcelo Caetano; antes se propõe secundá-la até à insurreição popular armada que destruirá para sempre a ditadura fascista e o poder dos monopólios e latifundiários, assim como o domínio imperialista no nosso país.
      
26 de Outubro de 1970

VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA!

                                               O Comando Central
                                                da ACÇÃO REVOLUCIONARIA ARMADA


-------------------------2º Comunicado-------------------------

ACÇÃO  REVOLUCIONÁRIA ARMADA - ARA
COMUNICADO

No prosseguimento da sua acção revolucionária, comandos da A.R.A., numa acção conjugada, levaram a efeito com pleno êxito, na madrugada do dia 20 de Novembro, três operações distintas: - destruição parcial da Escola Técnica da odiosa PIDE/DGS, principal instrumento de repressão fascista do Governo de Marcelo Caetano, destruição de importantes quantidades de equipamento e material de guerra armazenados no cais privativo da C.N.N. prontos para o embarque no navio NIASSA para alimentar a guerra colonial, destruição no "Centro Cultural" da embaixada dos Estados Unidos em Lisboa, centro da propaganda ideológica do imperialismo americano no nosso país.


O Comando Central da A.R.A. salienta que, dados os processos técnicos utilizados, qualquer destas acções revolucionárias poderiam ter tido lugar a qualquer hora do dia sacrificando contudo um maior efeito espectacular de tais acções houve a preocupação de na medida do possível evitar inúteis perdas de vidas. A despeito desta preocupação e não podendo garantir em absoluto que em futuras acções revolucionárias não se venham a verificar acidentes mais graves que os verificados até agora, a ACÇÃO  REVOLUCIONÁRIA ARMADA responsabiliza desde já por tal eventualidade o Governo de M. Caetano devido ao prosseguimento da sua politica antinacional de terrorismo politico de guerra colonial e de sujeição ao imperialismo estrangeiro.

Não podendo já silenciar por mais tempo a existência e a acção da A.R.A. o governo, pela boca do seu porta-voz da PIDE/DGS, procurou deturpar o significado e importância política da sua acção, classificando os membros da A.R.A. de "terroristas” de "maoistas", etc. A ACÇÃO  REVOLUCIONÁRIA ARMADA fiel aos propósitos definidos, no seu Comunicado de 26 de Outubro último, prosseguirá ao lado do povo e demais forças antifascistas, a luta pelo derrubamento da ditadura fascista, contra a guerra colonial, contra o domínio imperialista no nosso país.

VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA!

21 de Novembro do 1970
O Comando Central
da ACÇÃO  REVOLUCIONÁRIA ARMADA


-------------------------3º Comunicado-------------------------

ACÇÃO  REVOLUCIONÁRIA ARMADA - ARA

- COMUNICADO -

Um Comando militar da Acção Revolucionária Armada levou a efeito, com pleno êxito, na madrugada do dia 8 de Março, uma importante e complexa acção contra o aparelho militar da guerra colonial. Este Comando penetrou audaciosamente no hangar principal da Base Aérea nº 3, em Tancos, destruindo completamente, com cargas explosivas, toda a frota de helicópteros militares estacionados nesta base militar, assim como vários aviões de treino. Foram destruídos nomeadamente: 1 helicóptero gigante SA-330; 12 helicópteros Allouette-3 (grandes); 1 helicóptero Allouette-2 (pequeno); 3 aviões Dornier-3 e diversos outros aviões. O êxito desta operação é reforçado pelo, facto dela se ter realizado sem baixas do nosso lado e sem acidentes entre o numeroso pessoal da Base.

A Base Aérea nº 3, juntamente com a Escola de Paraquedistas e a Escola Prática de Engenharia, todas situadas em Tancos, constituem presentemente o maior complexo militar que a partir de Portugal alimenta a vergonhosa guerra colonial que os fascistas e colonialistas portugueses conduzem, em oposição aos interesses do povo português, contra os povos de Angola, Guiné e Moçambique que lutam pela sua independência. O COMANDO CENTRAL DA A.R.A., ao mesmo tempo que põe em relevo a grande prova de coragem e espírito de sacrifício dada pelos camaradas componentes do Comando que executou esta operação, salienta que para o seu êxito contribuiu decisivamente o sentimento anticolonialista cada vez mais predominante entre os soldados portugueses, filhos do povo fardados.

ABAIXO A GUERRA COLONIAL
VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA

8 de Março de 1971
O COMANDO CENTRAL DA A.R.A.

-------------------------4º Comunicado-------------------------

ACÇÃO REVOLUCCIONÁRIA ARMADA


- COMUNICADO-
1. Interpretando o sentimento geral de indignação do povo português contra a reunião da NATO em Lisboa, a Acção Revolucionária Armada, como protesto procedeu na madrugada do dia 3 de Junho,  ao corte total das comunicações radio-telegráficas e telefónicas de Portugal com o resto do mundo, assim como de Lisboa com as diversos pontos do país. O corte parcial da energia eléctrica à cidade de Lisboa, efectuado também no mesmo dia e que afectou particularmente a zona do palácio da Ajuda, local da Reunião da NATO, integra-se igualmente na acção de protesto contra esta reunião.


2. Na execução destas operações, comandos da A-R.A., em múltiplas acções simultâneas, desafiando audaciosamente a vigilância policial fascista, colocaram, sucessivamente, fortes cargas explosivas num ponto vital da Central Telefónica e Telegráfica situada no coração de Lisboa, o qual ficou destruído, assim como junto de um certo número de torres metálicas de alta tensão eléctrica, nos arredores de Lisboa, tendo derrubado uma delas.
Em consequência destas acções, da grande repercussão nacional e internacional, reinou durante horas a maior confusão e desorientação nos meios afectos à reunião da NATO, assim como entre as autoridades fascistas. Todos os serviços da reunião foram seriamente afectados.

3. A Reunião do Conselho Ministerial da NATO, em Lisboa, além duma manifestação belicista e imperialista, presta cobertura e apoio moral e político ao governo fascista e colonialista da M.. Caetano traduzindo-se, por isso, numa provocação e num insulto ao povo português, privado há longos anos das mais elementares liberdades democráticas, dessas mesmas liberdades que a NATO afirma demagogicamente ter por objectivo defender. Para os povos das colónias de Angola, Guiné e Moçambique que lutam de armas na mão pela sua liberdade e independência, a reunião da NATO em Lisboa representa a confirmação do apoio militar e político desse Bloco agressivo à odiosa guerra colonial de que são vítimas há mais de 10 anos, a qual dificilmente se poderia manter sem tal apoio.

4. O Comando Central da Acção Revolucionária Armada felicita todos os camaradas que tão corajosamente participaram nestas acções revolucionárias e salienta o facto delas se terem efectuado sem baixas ou acidentes entre a população.
ABAIXO A NATO !
ABAIXO O FASCISMO E O COLONIALISMO !
VIVA A REVOLUÇÃO POPULAR ARMADA !
4 de Junho de 1971
O COMANDO CENTRAL DA A.R.A.       


-------------------------5º Comunicado-------------------------

ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA
- CONUNICADO -

1. Na madrugada de 27 de Outubro de 1971, um comando da A,R.A. penetrou no recinto militar do novo Quartel General do Comando da Área Ibero -Atlântica da NATO - "Comiberlant", em Oeiras - Lisboa - e colocou audaciosamente no edifício: central uma potentíssima carga explosiva que lhe provocou uma devastadora destruição. Abriu, nomeadamente uma grande cratera no interior do edifício fez ruir paredes e uma parte do pavimento do primeiro andar, destruiu as instalações electrónicas e a grande placa frontal a toda a altura do edifício assim como toda a estrutura em vidro.

Não morreu ninguém nem houve feridos. A força da Armada de Guarda ao Quartel General saiu ilesa em virtude *da preocupação constante da A.R.A. em evitar o mais possível vitimas acidentais, o que obrigou, aliás, o comando que executou a acção a correr maiores riscos e a aceitar-se que a destruição não fosse ainda maior.
2. Levada a cabo com êxito total, dois dias antes da projectada entrega solene do Quartel General do "Comiberlant" pelo chefe de Estado e ministros fascistas ao comandante americano da NATO, esta acção da A.R.A. insere-se na sua luta contra a ditadura fascista que oprime o povo português, contra as condenadas guerras coloniais de Angola, Guiné e Moçambique contra o imperialismo , inimigo da Liberdade e da Paz e o seu instrumento mais belicoso, a NATO.
3. Face à, campanha do governo e da PIDE-DGS tendente a confundir a opinião pública nacional e internacional acerca do significado das suas acções e do pretenso êxito das vagas repressivas desencadeadas pela PIDE-DGS, o Comando Central da A.R.A. declara;
a) contrariamente ao que afirmam as várias "notas oficiosas' , até agora não foi, preso nenhum elemento dos comandos da A.R.A, nem qualquer militante da sua organização, sendo portanto completamente falsa a acusação de que os antifascistas presos pertencem à A.R.A.
Com tais falsidades a polícia pretende disfarçar o seu fracasso de não ter conseguido até ao presente atingir a A.R.A. e, ao mesmo tempo, justificar a violenta repressão contra os trabalhadores e os democratas.
b) Expressando a sua solidariedade de combate a todos os antifascistas vítimas da repressão e particularmente ao Partido Comunista Português alvo principal do terror fascista o Comando Central da A.R.A. esclarece uma vez mais que a Acção Revolucionária Armada é uma organização autónoma no quadro geral do movimento revolucionário português e como tal conduz a sua acção revolucionária.
c) Reafirmando os princípios enunciados desde o seu primeiro comunicado, princípios que nada têm a ver com terrorismo que o governo pretende imputar-lhe, a A.R.A. prosseguirá vigorosamente a sua acção revolucionária que tão grande apoio encontrou junto das massas trabalhadoras e do povo português .

ABAIXO o FASCISMO!
ABAIXO A NATO E O SEU APOIO Às GUERRAS COLONIAIS!
VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA!
27 de Outubro de 1971
O COMANDO CENTRAL DA A.R.A.


-------------------------6º Comunicado-------------------------

ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA

--  COMUNICADO –

Na madrugada do dia 12 de Janeiro um comando da A.R.A. colocou duas potentes cargas uma explosiva e outra incendiária, num dos armazéns do cais de Alcântara em Lisboa. Em consequência da forte explosão e do incêndio que se lhe seguiu foi destruída grande quantidade de material pronto a embarcar para a guerra colonial entre o qual se encontrava importante material de guerra recém-chegado de França e destinado a unidades de caçadores paraquedistas. 
Porque o comando da A.R.A. actuou entre as 5 e as 8 horas da manhã, quando no Porto de Lisboa não há trabalhadores em actividade não houve mortos nem feridos. O comando da A.R.A. que realizou a acção não teve baixas.
A A.R.A. prosseguirá a sua acção revolucionária integrada na luta do povo português contra o fascismo e solidária com a heróica e justa luta dos povos de Angola, Guiné e Moçambique.

ABAIXO O FASCISMO E O COLONIALISMO!
VIVA A INSURREIÇÂO POPULAR ARMADA!

12 de Janeiro de 1972
O Comando Central da A.R.A.


-------------------------7º Comunicado-------------------------

ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA
- COMUNICADO-

No quadro da luta revolucionária contra a ditadura fascista, vários comandos da A.R.A. levaram a efeito na madrugada do dia 9 de Agosto, o corte de energia eléctrica à escala nacional.
Nos três centros principais do país, Lisboa, Porto e Coimbra, foram destruídas ou danificadas 20 torres metálicas das linhas de alta tensão da rede eléctrica nacional. Foram aplicadas nesta operação 80 cargas explosivas.

Esta acção da A.R.A. expressa o sentimento de indignação e o repúdio das massas populares e dos antifascistas em geral pela farsa eleitoral de 9 de Agosto em que foi mais uma vez imposto ao povo português através dum processo vergonhoso, um presidente da República que representa apenas os interesses da camarilha fascista, dos colonialistas e dos seus patrões imperialistas.
O Comando Central da A.R.A. felicita todos os camaradas que duma ou doutra forma participaram nesta operação salientando o exemplo de coragem e espirito de sacrifício de que deram provas.

VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA1
12 de Agosto de 1972
 O Comando Central da A.R.A.


-------------------------8º Comunicado-------------------------

ACÇÃO  REVOLUCIONÁRIA ARMADA

COMUNICADO

A Acção Revolucionária Armada cuja actividade revolucionária se integra, como sempre tem afirmado, no movimento anti-fascistas anti­-colonialista e anti-imperialista, torna público o seguinte:
1. Consciente das suas responsabilidades, declara que, hoje como sempre, a sua actividade tem em conta as perspectivas da situação con creta que se atravessa e os interesses do desenvolvimento da luta popular e revolucionária, considerada na sua totalidade.
      2. Verificando que se desenvolve no pais um amplo movimento po­lítico, cujos êxitos são Importantes para o enfraquecimento da dita­dura fascista colonialista, determinou uma pausa temporária de certas acções, com vistas a facilitar que sejam aprofundadas ao máximo outras possibilidades da luta popular e antifascista. 
    3. Acompanhando atentamente o desenvolvimento da situação, o Co­mando Central da A.R.A. e todos os seus militantes continuam no seu posto procurando manter e reforçar a sua capacidade operacional de forma a poderem desferir novos golpes contra o fascismo e o colonialismo.

Maio de 1973
O Comando Central da A.R.A.