Foram 8 comunicados, incluindo o que anunciou a suspensão provisória da actividade da ARA, em 12 de Maio de
1973, SUSPENSÃO e que acabou por se tornar definitiva.
As imagens não fazem parte dos comunicados
-------------------------1º Comunicado-------------------------
ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA
ARMADA
(ARA)
-- Comunicado –
Hoje , dia 26 De Outubro, cerca das cinco
horas da manhã, um comando da ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA (ARA), levou a cabo
com êxito a primeira operação revolucionária armada contra o aparelho de guerra
do governo fascista.
Em virtude desta acção ficou alagado e
imobilizado na doca de Alcântara, em Lisboa, com grande rombo o navio CUNENE de
160.000 toneladas que é utilizado para alimentar a guerra de opressão colonial.
O Comando Central da ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA declara que ao atacar a
máquina de guerra que alimenta a guerra colonial não estamos contra os
soldados, os sargentos e oficiais honrados, forçados a fazer uma guerra que
odeiam. Estamos, sim contra a continuação desta criminosa guerra de opresso
colonial que se transformou num flagelo para os povos de Angola, Guiné e
Moçambique e num cancro que corrói a nação, que queima vidas e bens do povo
português para servir os interesses dum punhado de monopolistas sem pátria.
Estamos solidários com a justa luta libertadora dos povos coloniais.
A ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA propõe-se
conduzir a sua acção revolucionária no quadro da luta geral do povo português
contra a ditadura fascista e pela conquista da liberdade. Deste modo a ARA não
se desliga da luta revolucionária das massas, da luta dos operários e
camponeses, da luta dos estudantes e intelectuais revolucionários contra a
política fascista do governo de Marcelo Caetano; antes se propõe secundá-la até
à insurreição popular armada que destruirá para sempre a ditadura fascista e o
poder dos monopólios e latifundiários, assim como o domínio imperialista no
nosso país.
26 de Outubro de 1970
VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA!
O Comando Central
da ACÇÃO REVOLUCIONARIA ARMADA
-------------------------2º Comunicado-------------------------
ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA - ARA
COMUNICADO
No prosseguimento da sua acção
revolucionária, comandos da A.R.A., numa acção conjugada, levaram a efeito com
pleno êxito, na madrugada do dia 20 de Novembro, três operações distintas: -
destruição parcial da Escola Técnica da odiosa PIDE/DGS, principal instrumento
de repressão fascista do Governo de Marcelo Caetano, destruição de importantes
quantidades de equipamento e material de guerra armazenados no cais privativo
da C.N.N. prontos para o embarque no navio NIASSA para alimentar a guerra
colonial, destruição no "Centro Cultural" da embaixada dos Estados
Unidos em Lisboa, centro da propaganda ideológica do imperialismo americano no
nosso país.
O Comando Central da A.R.A. salienta que,
dados os processos técnicos utilizados, qualquer destas acções revolucionárias
poderiam ter tido lugar a qualquer hora do dia sacrificando contudo um maior
efeito espectacular de tais acções houve a preocupação de na medida do possível
evitar inúteis perdas de vidas. A despeito desta preocupação e não podendo
garantir em absoluto que em futuras acções revolucionárias não se venham a
verificar acidentes mais graves que os verificados até agora, a ACÇÃO
REVOLUCIONÁRIA ARMADA responsabiliza desde já por tal eventualidade o Governo
de M. Caetano devido ao prosseguimento da sua politica antinacional de
terrorismo politico de guerra colonial e de sujeição ao imperialismo
estrangeiro.
Não podendo já silenciar por mais tempo a
existência e a acção da A.R.A. o governo, pela boca do seu porta-voz da
PIDE/DGS, procurou deturpar o significado e importância política da sua acção,
classificando os membros da A.R.A. de "terroristas” de
"maoistas", etc. A ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA fiel aos
propósitos definidos, no seu Comunicado de 26 de Outubro último, prosseguirá ao
lado do povo e demais forças antifascistas, a luta pelo derrubamento da
ditadura fascista, contra a guerra colonial, contra o domínio imperialista no
nosso país.
VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA!
21 de Novembro do 1970
O Comando Central
da ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA
-------------------------3º Comunicado-------------------------
ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA - ARA
- COMUNICADO -
Um Comando militar da Acção Revolucionária
Armada levou a efeito, com pleno êxito, na madrugada do dia 8 de Março, uma
importante e complexa acção contra o aparelho militar da guerra colonial. Este
Comando penetrou audaciosamente no hangar principal da Base Aérea nº 3, em
Tancos, destruindo completamente, com cargas explosivas, toda a frota de
helicópteros militares estacionados nesta base militar, assim como vários
aviões de treino. Foram destruídos nomeadamente: 1 helicóptero gigante SA-330;
12 helicópteros Allouette-3 (grandes); 1 helicóptero Allouette-2 (pequeno); 3
aviões Dornier-3 e diversos outros aviões. O êxito desta operação é reforçado
pelo, facto dela se ter realizado sem baixas do nosso lado e sem acidentes
entre o numeroso pessoal da Base.
A Base Aérea nº 3, juntamente com a Escola
de Paraquedistas e a Escola Prática de Engenharia, todas situadas em Tancos,
constituem presentemente o maior complexo militar que a partir de Portugal
alimenta a vergonhosa guerra colonial que os fascistas e colonialistas
portugueses conduzem, em oposição aos interesses do povo português, contra os
povos de Angola, Guiné e Moçambique que lutam pela sua independência. O COMANDO
CENTRAL DA A.R.A., ao mesmo tempo que põe em relevo a grande prova de coragem e
espírito de sacrifício dada pelos camaradas componentes do Comando que executou
esta operação, salienta que para o seu êxito contribuiu decisivamente o
sentimento anticolonialista cada vez mais predominante entre os soldados
portugueses, filhos do povo fardados.
ABAIXO A GUERRA COLONIAL
VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA
8 de Março de 1971
O COMANDO CENTRAL DA A.R.A.
-------------------------4º Comunicado-------------------------
ACÇÃO REVOLUCCIONÁRIA ARMADA
- COMUNICADO-
1. Interpretando o sentimento geral de
indignação do povo português contra a reunião da NATO em Lisboa, a Acção
Revolucionária Armada, como protesto procedeu na madrugada do dia 3 de
Junho, ao corte total das comunicações radio-telegráficas e telefónicas
de Portugal com o resto do mundo, assim como de Lisboa com as diversos pontos do
país. O corte parcial da energia eléctrica à cidade de Lisboa, efectuado também
no mesmo dia e que afectou particularmente a zona do palácio da Ajuda, local da
Reunião da NATO, integra-se igualmente na acção de protesto contra esta reunião.
2. Na execução destas operações, comandos
da A-R.A., em múltiplas acções simultâneas, desafiando audaciosamente a
vigilância policial fascista, colocaram, sucessivamente, fortes cargas
explosivas num ponto vital da Central Telefónica e Telegráfica situada no
coração de Lisboa, o qual ficou destruído, assim como junto de um certo número
de torres metálicas de alta tensão eléctrica, nos arredores de Lisboa, tendo
derrubado uma delas.
Em consequência destas acções, da grande
repercussão nacional e internacional, reinou durante horas a maior confusão e
desorientação nos meios afectos à reunião da NATO, assim como entre as
autoridades fascistas. Todos os serviços da reunião foram seriamente afectados.
3. A Reunião do Conselho Ministerial da
NATO, em Lisboa, além duma manifestação belicista e imperialista, presta
cobertura e apoio moral e político ao governo fascista e colonialista da M..
Caetano traduzindo-se, por isso, numa provocação e num insulto ao povo
português, privado há longos anos das mais elementares liberdades democráticas,
dessas mesmas liberdades que a NATO afirma demagogicamente ter por objectivo
defender. Para os povos das colónias de Angola, Guiné e Moçambique que lutam de
armas na mão pela sua liberdade e independência, a reunião da NATO em Lisboa
representa a confirmação do apoio militar e político desse Bloco agressivo à
odiosa guerra colonial de que são vítimas há mais de 10 anos, a qual
dificilmente se poderia manter sem tal apoio.
4. O Comando Central da Acção
Revolucionária Armada felicita todos os camaradas que tão corajosamente
participaram nestas acções revolucionárias e salienta o facto delas se terem
efectuado sem baixas ou acidentes entre a população.
ABAIXO A NATO !
ABAIXO O FASCISMO E O COLONIALISMO !
VIVA A REVOLUÇÃO POPULAR ARMADA !
4 de Junho de 1971
O COMANDO CENTRAL DA A.R.A.
-------------------------5º Comunicado-------------------------
ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA
- CONUNICADO -
1. Na madrugada de 27 de Outubro de 1971,
um comando da A,R.A. penetrou no recinto militar do novo Quartel General do
Comando da Área Ibero -Atlântica da NATO - "Comiberlant", em Oeiras -
Lisboa - e colocou audaciosamente no edifício: central uma potentíssima carga
explosiva que lhe provocou uma devastadora destruição. Abriu, nomeadamente uma
grande cratera no interior do edifício fez ruir paredes e uma parte do
pavimento do primeiro andar, destruiu as instalações electrónicas e a grande
placa frontal a toda a altura do edifício assim como toda a estrutura em vidro.
Não morreu ninguém nem houve feridos. A
força da Armada de Guarda ao Quartel General saiu ilesa em virtude *da
preocupação constante da A.R.A. em evitar o mais possível vitimas acidentais, o
que obrigou, aliás, o comando que executou a acção a correr maiores riscos e a
aceitar-se que a destruição não fosse ainda maior.
2. Levada a cabo com êxito total, dois
dias antes da projectada entrega solene do Quartel General do
"Comiberlant" pelo chefe de Estado e ministros fascistas ao
comandante americano da NATO, esta acção da A.R.A. insere-se na sua luta contra
a ditadura fascista que oprime o povo português, contra as condenadas guerras
coloniais de Angola, Guiné e Moçambique contra o imperialismo , inimigo da
Liberdade e da Paz e o seu instrumento mais belicoso, a NATO.
3. Face à, campanha do governo e da
PIDE-DGS tendente a confundir a opinião pública nacional e internacional acerca
do significado das suas acções e do pretenso êxito das vagas repressivas
desencadeadas pela PIDE-DGS, o Comando Central da A.R.A. declara;
a) contrariamente ao que afirmam as várias
"notas oficiosas' , até agora não foi, preso nenhum elemento dos comandos
da A.R.A, nem qualquer militante da sua organização, sendo portanto completamente
falsa a acusação de que os antifascistas presos pertencem à A.R.A.
Com tais falsidades a polícia pretende
disfarçar o seu fracasso de não ter conseguido até ao presente atingir a A.R.A.
e, ao mesmo tempo, justificar a violenta repressão contra os trabalhadores e os
democratas.
b) Expressando a sua solidariedade de
combate a todos os antifascistas vítimas da repressão e particularmente ao
Partido Comunista Português alvo principal do terror fascista o Comando Central
da A.R.A. esclarece uma vez mais que a Acção Revolucionária Armada é uma
organização autónoma no quadro geral do movimento revolucionário português e
como tal conduz a sua acção revolucionária.
c) Reafirmando os princípios enunciados
desde o seu primeiro comunicado, princípios que nada têm a ver com terrorismo
que o governo pretende imputar-lhe, a A.R.A. prosseguirá vigorosamente a sua
acção revolucionária que tão grande apoio encontrou junto das massas
trabalhadoras e do povo português .
ABAIXO o FASCISMO!
ABAIXO A NATO E O SEU APOIO Às GUERRAS COLONIAIS!
VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA!
27 de Outubro de 1971
O COMANDO CENTRAL DA A.R.A.
-------------------------6º Comunicado-------------------------
ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA
-- COMUNICADO –
Na madrugada do dia 12 de Janeiro um
comando da A.R.A. colocou duas potentes cargas uma explosiva e outra
incendiária, num dos armazéns do cais de Alcântara em Lisboa. Em consequência
da forte explosão e do incêndio que se lhe seguiu foi destruída grande quantidade
de material pronto a embarcar para a guerra colonial entre o qual se encontrava
importante material de guerra recém-chegado de França e destinado a unidades de
caçadores paraquedistas.
Porque o comando da A.R.A. actuou entre as
5 e as 8 horas da manhã, quando no Porto de Lisboa não há trabalhadores em
actividade não houve mortos nem feridos. O comando da A.R.A. que realizou a
acção não teve baixas.
A A.R.A. prosseguirá a sua acção
revolucionária integrada na luta do povo português contra o fascismo e
solidária com a heróica e justa luta dos povos de Angola, Guiné e Moçambique.
ABAIXO O FASCISMO E O COLONIALISMO!
VIVA A INSURREIÇÂO POPULAR ARMADA!
12 de Janeiro de 1972
O Comando Central da A.R.A.
-------------------------7º Comunicado-------------------------
ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA
- COMUNICADO-
No quadro da luta revolucionária contra a ditadura fascista,
vários comandos da A.R.A. levaram a efeito na madrugada do dia 9 de Agosto, o
corte de energia eléctrica à escala nacional.
Nos três centros principais do país, Lisboa, Porto e Coimbra,
foram destruídas ou danificadas 20 torres metálicas das linhas de alta tensão
da rede eléctrica nacional. Foram aplicadas nesta operação 80 cargas explosivas.
Esta acção da A.R.A. expressa o sentimento de indignação e o
repúdio das massas populares e dos antifascistas em geral pela farsa eleitoral
de 9 de Agosto em que foi mais uma vez imposto ao povo português através dum
processo vergonhoso, um presidente da República que representa apenas os interesses
da camarilha fascista, dos colonialistas e dos seus patrões imperialistas.
O Comando Central da A.R.A. felicita todos os camaradas que duma
ou doutra forma participaram nesta operação salientando o exemplo de coragem e
espirito de sacrifício de que deram provas.
VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA1
12 de Agosto de 1972
O Comando Central da A.R.A.
-------------------------8º Comunicado-------------------------
ACÇÃO
REVOLUCIONÁRIA ARMADA
COMUNICADO
A Acção
Revolucionária Armada cuja actividade revolucionária se integra, como
sempre tem afirmado, no movimento anti-fascistas anti-colonialista e
anti-imperialista, torna público o seguinte:
1. Consciente
das suas responsabilidades, declara que, hoje como sempre, a sua
actividade tem em conta as perspectivas da situação con creta que se
atravessa e os interesses do desenvolvimento da luta popular e revolucionária,
considerada na sua totalidade.
2. Verificando que se
desenvolve no pais um amplo movimento político, cujos êxitos são Importantes para o
enfraquecimento da ditadura fascista e colonialista,
determinou uma pausa temporária de certas acções, com vistas a facilitar que
sejam aprofundadas ao máximo outras possibilidades da luta popular e
antifascista.
3. Acompanhando
atentamente o desenvolvimento da situação, o Comando Central da
A.R.A. e todos os seus militantes continuam no seu posto procurando
manter e reforçar a sua capacidade operacional de forma a poderem desferir
novos golpes contra o fascismo e o colonialismo.
Maio de 1973
O Comando Central da A.R.A.