domingo, 18 de junho de 2017

O ROMBO NO CUNENE


CUNENE - o mais moderno navio da logística das guerras coloniais tinha sido comprado há menos de um ano (Dez 1969). 

O navio era "comunista", construído nos estaleiros polacos de Gdansk mas comprado a um preço maior a um intermediário porque Salazar não negociava com "o reino do mal".
Com a PIDE à perna, o comandante do Cunene, procurou ocultar a sabotagem e informou os jornais que a explosão teria resultado de um encanamento de gasóleo ou gases no porão (DN  27/10/1970). 
Um estivador citado neste mesmo artigo do DN disse que "estava a mais de 500 metros do navio. Foram dois estrondos terríveis... Fiquei sem pinga de sangue e ainda estava a tremer quando o segundo estrondo ribombou que nem um trovão"

A imagem é uma fotocópia de fotografia obtida por Raimundo Narciso no Arquivo da PIDE, na Torre do Tombo, incluída no seu livro «Acção Revolucionária Armada - A.R.A. » (Editorial. D. Quixote 2000). Mostra um membro da tripulação do navio dentro do porão arrombado e com água pela cintura.
_______________________

A Maria Machado perita no uso da impressão e da serigrafia com material caseiro e artesanal organizava a divulgação das acções da ARA, imprimindo comunicados e postais ilustrados como o que aqui se vê e que ficou como um "ex-libris" da primeira acção da ARA, a sabotagem do Cunene.

As 2 cargas explosivas usadas na sabotagem do Cunene - tinham este aspecto e eram constituídas por uma lata usada de gasóleo de 20 litros na qual se soldaram três braços metálicos, cada com 3 podero-síssimos ímanes para a fixar à chapa de aço do navio, um pouco abaixo da linha de água, para tornar mais eficaz a explosão. 

Sem comentários:

Enviar um comentário