terça-feira, 20 de junho de 2017

Todos os comunicados da ARA

Por cada acção da ARA ou conjunto de acções simultâneas, o Comando Central emitia um comunicado que Jaime Serra, a partir de uma cabine telefónica pública, prudentemente escolhida, lia para agências internacionais, France Press, Reuter e outras sem perder tempo com a RTP, único canal de tv então existente ou qualquer outro meio de comunicação sob o controlo da PIDE. 
Foram 8 comunicados, incluindo o que anunciou a suspensão provisória da actividade da ARA, em 12 de Maio de 1973, SUSPENSÃO  e que acabou por se tornar definitiva.
As imagens não fazem parte dos comunicados 


  -------------------------1º Comunicado-------------------------


 ACÇÃO   REVOLUCIONÁRIA   ARMADA  (ARA)

-- Comunicado –

Hoje , dia 26 De Outubro, cerca das cinco horas da manhã, um comando da ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA (ARA), levou a cabo com êxito a primeira operação revolucionária armada contra o aparelho de guerra do governo fascista.


Em virtude desta acção ficou alagado e imobilizado na doca de Alcântara, em Lisboa, com grande rombo o navio CUNENE de 160.000 toneladas que é utilizado para alimentar a guerra de opressão colonial. O Comando Central da ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA declara que ao atacar a máquina de guerra que alimenta a guerra colonial não estamos contra os soldados, os sargentos e oficiais honrados, forçados a fazer uma guerra que odeiam. Estamos, sim contra a continuação desta criminosa guerra de opresso colonial que se transformou num flagelo para os povos de Angola, Guiné e Moçambique e num cancro que corrói a nação, que queima vidas e bens do povo português para servir os interesses dum punhado de monopolistas sem pátria. Estamos solidários com a justa luta libertadora dos povos coloniais.

A ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA propõe-se conduzir a sua acção revolucionária no quadro da luta geral do povo português contra a ditadura fascista e pela conquista da liberdade. Deste modo a ARA não se desliga da luta revolucionária das massas, da luta dos operários e camponeses, da luta dos estudantes e intelectuais revolucionários contra a política fascista do governo de Marcelo Caetano; antes se propõe secundá-la até à insurreição popular armada que destruirá para sempre a ditadura fascista e o poder dos monopólios e latifundiários, assim como o domínio imperialista no nosso país.
      
26 de Outubro de 1970

VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA!

                                               O Comando Central
                                                da ACÇÃO REVOLUCIONARIA ARMADA


-------------------------2º Comunicado-------------------------

ACÇÃO  REVOLUCIONÁRIA ARMADA - ARA
COMUNICADO

No prosseguimento da sua acção revolucionária, comandos da A.R.A., numa acção conjugada, levaram a efeito com pleno êxito, na madrugada do dia 20 de Novembro, três operações distintas: - destruição parcial da Escola Técnica da odiosa PIDE/DGS, principal instrumento de repressão fascista do Governo de Marcelo Caetano, destruição de importantes quantidades de equipamento e material de guerra armazenados no cais privativo da C.N.N. prontos para o embarque no navio NIASSA para alimentar a guerra colonial, destruição no "Centro Cultural" da embaixada dos Estados Unidos em Lisboa, centro da propaganda ideológica do imperialismo americano no nosso país.


O Comando Central da A.R.A. salienta que, dados os processos técnicos utilizados, qualquer destas acções revolucionárias poderiam ter tido lugar a qualquer hora do dia sacrificando contudo um maior efeito espectacular de tais acções houve a preocupação de na medida do possível evitar inúteis perdas de vidas. A despeito desta preocupação e não podendo garantir em absoluto que em futuras acções revolucionárias não se venham a verificar acidentes mais graves que os verificados até agora, a ACÇÃO  REVOLUCIONÁRIA ARMADA responsabiliza desde já por tal eventualidade o Governo de M. Caetano devido ao prosseguimento da sua politica antinacional de terrorismo politico de guerra colonial e de sujeição ao imperialismo estrangeiro.

Não podendo já silenciar por mais tempo a existência e a acção da A.R.A. o governo, pela boca do seu porta-voz da PIDE/DGS, procurou deturpar o significado e importância política da sua acção, classificando os membros da A.R.A. de "terroristas” de "maoistas", etc. A ACÇÃO  REVOLUCIONÁRIA ARMADA fiel aos propósitos definidos, no seu Comunicado de 26 de Outubro último, prosseguirá ao lado do povo e demais forças antifascistas, a luta pelo derrubamento da ditadura fascista, contra a guerra colonial, contra o domínio imperialista no nosso país.

VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA!

21 de Novembro do 1970
O Comando Central
da ACÇÃO  REVOLUCIONÁRIA ARMADA


-------------------------3º Comunicado-------------------------

ACÇÃO  REVOLUCIONÁRIA ARMADA - ARA

- COMUNICADO -

Um Comando militar da Acção Revolucionária Armada levou a efeito, com pleno êxito, na madrugada do dia 8 de Março, uma importante e complexa acção contra o aparelho militar da guerra colonial. Este Comando penetrou audaciosamente no hangar principal da Base Aérea nº 3, em Tancos, destruindo completamente, com cargas explosivas, toda a frota de helicópteros militares estacionados nesta base militar, assim como vários aviões de treino. Foram destruídos nomeadamente: 1 helicóptero gigante SA-330; 12 helicópteros Allouette-3 (grandes); 1 helicóptero Allouette-2 (pequeno); 3 aviões Dornier-3 e diversos outros aviões. O êxito desta operação é reforçado pelo, facto dela se ter realizado sem baixas do nosso lado e sem acidentes entre o numeroso pessoal da Base.

A Base Aérea nº 3, juntamente com a Escola de Paraquedistas e a Escola Prática de Engenharia, todas situadas em Tancos, constituem presentemente o maior complexo militar que a partir de Portugal alimenta a vergonhosa guerra colonial que os fascistas e colonialistas portugueses conduzem, em oposição aos interesses do povo português, contra os povos de Angola, Guiné e Moçambique que lutam pela sua independência. O COMANDO CENTRAL DA A.R.A., ao mesmo tempo que põe em relevo a grande prova de coragem e espírito de sacrifício dada pelos camaradas componentes do Comando que executou esta operação, salienta que para o seu êxito contribuiu decisivamente o sentimento anticolonialista cada vez mais predominante entre os soldados portugueses, filhos do povo fardados.

ABAIXO A GUERRA COLONIAL
VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA

8 de Março de 1971
O COMANDO CENTRAL DA A.R.A.

-------------------------4º Comunicado-------------------------

ACÇÃO REVOLUCCIONÁRIA ARMADA


- COMUNICADO-
1. Interpretando o sentimento geral de indignação do povo português contra a reunião da NATO em Lisboa, a Acção Revolucionária Armada, como protesto procedeu na madrugada do dia 3 de Junho,  ao corte total das comunicações radio-telegráficas e telefónicas de Portugal com o resto do mundo, assim como de Lisboa com as diversos pontos do país. O corte parcial da energia eléctrica à cidade de Lisboa, efectuado também no mesmo dia e que afectou particularmente a zona do palácio da Ajuda, local da Reunião da NATO, integra-se igualmente na acção de protesto contra esta reunião.


2. Na execução destas operações, comandos da A-R.A., em múltiplas acções simultâneas, desafiando audaciosamente a vigilância policial fascista, colocaram, sucessivamente, fortes cargas explosivas num ponto vital da Central Telefónica e Telegráfica situada no coração de Lisboa, o qual ficou destruído, assim como junto de um certo número de torres metálicas de alta tensão eléctrica, nos arredores de Lisboa, tendo derrubado uma delas.
Em consequência destas acções, da grande repercussão nacional e internacional, reinou durante horas a maior confusão e desorientação nos meios afectos à reunião da NATO, assim como entre as autoridades fascistas. Todos os serviços da reunião foram seriamente afectados.

3. A Reunião do Conselho Ministerial da NATO, em Lisboa, além duma manifestação belicista e imperialista, presta cobertura e apoio moral e político ao governo fascista e colonialista da M.. Caetano traduzindo-se, por isso, numa provocação e num insulto ao povo português, privado há longos anos das mais elementares liberdades democráticas, dessas mesmas liberdades que a NATO afirma demagogicamente ter por objectivo defender. Para os povos das colónias de Angola, Guiné e Moçambique que lutam de armas na mão pela sua liberdade e independência, a reunião da NATO em Lisboa representa a confirmação do apoio militar e político desse Bloco agressivo à odiosa guerra colonial de que são vítimas há mais de 10 anos, a qual dificilmente se poderia manter sem tal apoio.

4. O Comando Central da Acção Revolucionária Armada felicita todos os camaradas que tão corajosamente participaram nestas acções revolucionárias e salienta o facto delas se terem efectuado sem baixas ou acidentes entre a população.
ABAIXO A NATO !
ABAIXO O FASCISMO E O COLONIALISMO !
VIVA A REVOLUÇÃO POPULAR ARMADA !
4 de Junho de 1971
O COMANDO CENTRAL DA A.R.A.       


-------------------------5º Comunicado-------------------------

ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA
- CONUNICADO -

1. Na madrugada de 27 de Outubro de 1971, um comando da A,R.A. penetrou no recinto militar do novo Quartel General do Comando da Área Ibero -Atlântica da NATO - "Comiberlant", em Oeiras - Lisboa - e colocou audaciosamente no edifício: central uma potentíssima carga explosiva que lhe provocou uma devastadora destruição. Abriu, nomeadamente uma grande cratera no interior do edifício fez ruir paredes e uma parte do pavimento do primeiro andar, destruiu as instalações electrónicas e a grande placa frontal a toda a altura do edifício assim como toda a estrutura em vidro.

Não morreu ninguém nem houve feridos. A força da Armada de Guarda ao Quartel General saiu ilesa em virtude *da preocupação constante da A.R.A. em evitar o mais possível vitimas acidentais, o que obrigou, aliás, o comando que executou a acção a correr maiores riscos e a aceitar-se que a destruição não fosse ainda maior.
2. Levada a cabo com êxito total, dois dias antes da projectada entrega solene do Quartel General do "Comiberlant" pelo chefe de Estado e ministros fascistas ao comandante americano da NATO, esta acção da A.R.A. insere-se na sua luta contra a ditadura fascista que oprime o povo português, contra as condenadas guerras coloniais de Angola, Guiné e Moçambique contra o imperialismo , inimigo da Liberdade e da Paz e o seu instrumento mais belicoso, a NATO.
3. Face à, campanha do governo e da PIDE-DGS tendente a confundir a opinião pública nacional e internacional acerca do significado das suas acções e do pretenso êxito das vagas repressivas desencadeadas pela PIDE-DGS, o Comando Central da A.R.A. declara;
a) contrariamente ao que afirmam as várias "notas oficiosas' , até agora não foi, preso nenhum elemento dos comandos da A.R.A, nem qualquer militante da sua organização, sendo portanto completamente falsa a acusação de que os antifascistas presos pertencem à A.R.A.
Com tais falsidades a polícia pretende disfarçar o seu fracasso de não ter conseguido até ao presente atingir a A.R.A. e, ao mesmo tempo, justificar a violenta repressão contra os trabalhadores e os democratas.
b) Expressando a sua solidariedade de combate a todos os antifascistas vítimas da repressão e particularmente ao Partido Comunista Português alvo principal do terror fascista o Comando Central da A.R.A. esclarece uma vez mais que a Acção Revolucionária Armada é uma organização autónoma no quadro geral do movimento revolucionário português e como tal conduz a sua acção revolucionária.
c) Reafirmando os princípios enunciados desde o seu primeiro comunicado, princípios que nada têm a ver com terrorismo que o governo pretende imputar-lhe, a A.R.A. prosseguirá vigorosamente a sua acção revolucionária que tão grande apoio encontrou junto das massas trabalhadoras e do povo português .

ABAIXO o FASCISMO!
ABAIXO A NATO E O SEU APOIO Às GUERRAS COLONIAIS!
VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA!
27 de Outubro de 1971
O COMANDO CENTRAL DA A.R.A.


-------------------------6º Comunicado-------------------------

ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA

--  COMUNICADO –

Na madrugada do dia 12 de Janeiro um comando da A.R.A. colocou duas potentes cargas uma explosiva e outra incendiária, num dos armazéns do cais de Alcântara em Lisboa. Em consequência da forte explosão e do incêndio que se lhe seguiu foi destruída grande quantidade de material pronto a embarcar para a guerra colonial entre o qual se encontrava importante material de guerra recém-chegado de França e destinado a unidades de caçadores paraquedistas. 
Porque o comando da A.R.A. actuou entre as 5 e as 8 horas da manhã, quando no Porto de Lisboa não há trabalhadores em actividade não houve mortos nem feridos. O comando da A.R.A. que realizou a acção não teve baixas.
A A.R.A. prosseguirá a sua acção revolucionária integrada na luta do povo português contra o fascismo e solidária com a heróica e justa luta dos povos de Angola, Guiné e Moçambique.

ABAIXO O FASCISMO E O COLONIALISMO!
VIVA A INSURREIÇÂO POPULAR ARMADA!

12 de Janeiro de 1972
O Comando Central da A.R.A.


-------------------------7º Comunicado-------------------------

ACÇÃO REVOLUCIONÁRIA ARMADA
- COMUNICADO-

No quadro da luta revolucionária contra a ditadura fascista, vários comandos da A.R.A. levaram a efeito na madrugada do dia 9 de Agosto, o corte de energia eléctrica à escala nacional.
Nos três centros principais do país, Lisboa, Porto e Coimbra, foram destruídas ou danificadas 20 torres metálicas das linhas de alta tensão da rede eléctrica nacional. Foram aplicadas nesta operação 80 cargas explosivas.

Esta acção da A.R.A. expressa o sentimento de indignação e o repúdio das massas populares e dos antifascistas em geral pela farsa eleitoral de 9 de Agosto em que foi mais uma vez imposto ao povo português através dum processo vergonhoso, um presidente da República que representa apenas os interesses da camarilha fascista, dos colonialistas e dos seus patrões imperialistas.
O Comando Central da A.R.A. felicita todos os camaradas que duma ou doutra forma participaram nesta operação salientando o exemplo de coragem e espirito de sacrifício de que deram provas.

VIVA A INSURREIÇÃO POPULAR ARMADA1
12 de Agosto de 1972
 O Comando Central da A.R.A.


-------------------------8º Comunicado-------------------------

ACÇÃO  REVOLUCIONÁRIA ARMADA

COMUNICADO

A Acção Revolucionária Armada cuja actividade revolucionária se integra, como sempre tem afirmado, no movimento anti-fascistas anti­-colonialista e anti-imperialista, torna público o seguinte:
1. Consciente das suas responsabilidades, declara que, hoje como sempre, a sua actividade tem em conta as perspectivas da situação con creta que se atravessa e os interesses do desenvolvimento da luta popular e revolucionária, considerada na sua totalidade.
      2. Verificando que se desenvolve no pais um amplo movimento po­lítico, cujos êxitos são Importantes para o enfraquecimento da dita­dura fascista colonialista, determinou uma pausa temporária de certas acções, com vistas a facilitar que sejam aprofundadas ao máximo outras possibilidades da luta popular e antifascista. 
    3. Acompanhando atentamente o desenvolvimento da situação, o Co­mando Central da A.R.A. e todos os seus militantes continuam no seu posto procurando manter e reforçar a sua capacidade operacional de forma a poderem desferir novos golpes contra o fascismo e o colonialismo.

Maio de 1973
O Comando Central da A.R.A.



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